terça-feira, 22 de dezembro de 2009

O Fabuloso Mundo Circense dos Irmãos Grim e Schopendauber

Queria tomar um sorvete daquelas maquinas expressas, que no verão se encontra em qualquer esquina, mas era impossível devido a situação em que se encontrava. Uma vida de domador de leões não é fácil, ainda mais quando estes fogem para a cidade. Esqueci de lhes explicar a cena, Grim corre pela cidade atrás de um leão que escapou do seu circo, o Fabuloso Mundo Circense dos Irmãos Grim e Schopendauber. O leão que era de origem franco-espânica, não quis saber da tradição do espetáculo e se mandou assim que o carregador de amendoins chegou para repor o estoque do elefante, e agora corria pelas ruas com um homem atrás dele a gritar. O sol que brilhava no céu começou a ceder seu espaço para nuvens ameaçadoras e o frio que já se fazia bastante presente, passou a ser avassalador. Das gotículas de chuva que caiam, vieram flocos de neve e o coração de Grim ficou apertado. Mesmo com todo este frio ainda pensava no célebre sorvete expresso italiano. Nisso o leão teve a súbita idéia de virar a esquerda e para seu azar um caminhão vinha em disparada. Grim alucinado gritava e corria cada vez mais rápido, mas o leão era de boa inteligência e utilizando o gelo acumulado na pista, deslizou por baixo do caminhão.

Lá pelo final do dia, o leão se recostou numa arvore em um parque para seu descanso, Grim o perdeu de vista. A noite se anunciava silenciosa e o leão dormia debaixo de um pé de fruta congelada. A madrugada veio com os lobos que habitavam a madrugada e o leão indefeso se escondeu dentro de uma dessas maquinas de sorvete expresso italiano. O dia amanhece com Grim esbravejando para os lobos saírem de sua frente, o leão estava solto por aí, e quem sabe até teria sido devorado por aqueles mesmos lobos. Procurou pela tarde inteira, não encontrou sinal nenhum do animal. Seu desespero era tamanho quando encontrou uma maquina de sorvete expresso italiano, sozinha, esquecida em um canto do parque... correu para lá como se fosse a sua única razão de existir. Serviu uma porção carregada de sorvete de flocos e ainda colocou uma cobertura de morango, espremeu bem até sair o ultimo pingo da cobertura, pegou uma pazinha de plástico e se sentou de baixo da arvore e como se estivesse noutra dimensão se deliciou do seu adorável sorvete expresso sabor flocos com cobertura exagerada de morango. O sorvete gritou. Gritava apavorado a cada lambida que Grim proferia nele, o morango penetrava na sua pele rapidamente e a língua ajudava a derrete-lo rapidamente. Grim ficou assustado com o fato do sorvete gritar, nunca comera um assim antes, mas o sabor era incomparável e seguiu comendo até que percebeu que sua língua estava toda coberta por pelo, pelo de... LEÃO! Lembrou-se do seu felino que escapara no dia anterior e inundou de lágrimas o sorvete. Mas a descrença era tanta no seu futuro que seguiu comendo o sorvete, e se ouvia urros de um leão sendo devorado calmamente por uma língua peluda e o choro mais fervoroso que um criador de leões já havia derramado. Terminou o sorvete e apagou como quem acorda de um sonho, estava noutro tempo, noutro espaço sensorial e a vida lhe era fraca. Via seu leão correndo ao longe, maquinas de sorvete expresso italiano cuspindo pelos em casquinhas que se pareciam muito com dentes de leão e absorveu toda a nevasca para dentro de ti, num instante qualquer isolado dentro de uma maquina de sorvete numa esquina do tempo e da solidão.

O Fabuloso Mundo Circense dos Irmãos Grim e Schopendauber, nunca mais abriu as portas, mas sabe-se que ali, existiu uma das histórias mais nobres da história da humanidade.

2 comentários:

  1. Cara que história mais bizarra! mas é emocionante. Ela dá um arquétipo para construir uma marca de sorvetes: Grim e Schopendauber! haha

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  2. simplesmente gosto do seu blog.

    http://humor-subliminar.blogspot.com/

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